#01 - Alone, o Messias?

Importante:

Gostaria de avisar de ante-mão que minha intenção não é desrespeitar a crença de ninguém, tampouco criar uma discussão que, convenhamos, seria desnecessária. Essa é uma análise com base no conteúdo do mangá e mais nada.

 

Brincadeiras à parte – quem me conhece sabe que “fundei” no orkut uma religião chamada Aloneanismo – há indícios no mangá que apontam para uma visão messiânica de Alone, talvez como um desejo do próprio de ser visto assim, já que ele oferecia a “salvação”. Não vou entrar no mérito se ele estava ou não correto em sua visão, isso deixo para vocês resolverem, mas sim mostrarei estes tais pontos.

 

O nascimento de Alone:

 

Você sabia que minha mãe terá um bebê no Natal? – Pandora

 

Como visto na imagem acima, Pandora comenta com Partita que o bebê que sua mãe espera nascerá no Natal (25 de Dezembro, como sabem). De acordo com o mangá Clássico, Hades vem a este mundo nascendo novamente através de uma humana, e toma para si o hospedeiro mais puro do mundo, este tendo nascido no mesmo dia que Hades – Shun, por exemplo, nasceu dia 9 de Setembro, assim como o deus dos mortos naquela geração.

 

Se Hades nasceu no dia 25 de Dezembro, é certo afirmar que Alone provavelmente também. Sendo essa a primeira relação entre Alone e Jesus Cristo, a data de nascimento.

 

Lost Canvas e a “salvação”:

 

Alone deseja, por meio do Lost Canvas, dar a salvação a todos – da mesma forma que Jesus desejava salvar a humanidade quando se sacrificou. A forma como ambos queriam fazer isso é ao mesmo tempo diferente e igual: se Jesus pedia nada mais que uma vida de retidão e bondade, Alone exige sacrifício de sua própria vida. A semelhança está no fato de que ambas as salvações só podem ser conseguidas após a morte. Mas se Jesus esperava que a morte de seus seguidores viesse naturalmente, Alone impunha o extermínio com suas próprias mãos.

 

Neste momento falamos do Lost Canvas em si, a pintura criada por Alone. É clara a alusão à obra de Dante Alighieri, A Divina Comédia, representando o Paraíso visto pelo protagonista. Também o Lost Canvas se assemelha ao Paraíso cristão em si. Sendo Alone católico e entristecido com o inferno, querendo criar um lugar onde as pessoas tivessem o descanso eterno, não há dúvidas de que sua intenção era recriar tal Paraíso bíblico.

 

Cabe aqui dizer também que Hipnos e Pandora reforçam o aspecto “Messias” em Alone, ao chamá-lo de “Salvador”.

 

Sacrifícios:

 

Alone é uma pessoa que, desde o começo, decidiu sacrificar a si mesmo pelo que acreditava. Primeiro foi através da escolha em oferecer sua “salvação” para as crianças do orfanato, a quem tinha como uma família, sacrificando assim o amor das pessoas ao seu redor. Depois decidiu sacrificar seu próprio coração para fazer algo que odiava. Por fim, ele decidiu sacrificar sua própria vida quando completasse seu plano (ou mesmo que falhasse), matando Hades junto com ele para impedir que o deus dos mortos assumisse seu corpo e destruísse a humanidade.

 

 

É possível, assim, ver a relação entre o sacrifício de Alone e o sacrifício feito por Jesus, ambos querendo salvar a humanidade se matando – de uma forma ou de outra. Se Jesus, no entanto, tinha como objetivo ser a única vítima, já deixei bem claro que Alone condenaria o mundo junto com ele – provavelmente por se sentir muito sozinho.

 

Os Milagres:

 

Jesus fez inúmeros milagres enquanto vivo. Curou doenças e restaurou condições físicas avariadas, expulsou demônios de pessoas, dividiu pão e peixe, entre outros. Alone, claro, não poderia deixar de ter seus próprios milagres. Eu notei, porém, que a versão dos “milagres” de Alone, todas realizadas através do Cosmos, parecem um tanto deturpadas.

 

 Jesus curava pessoas apenas com o toque, enquanto Alone curou Radamanthys com seu sangue, por exemplo. Jesus comandava as tropas celestiais de seu Pai, enquanto Alone criou seus anjos com o poder da morte, aos quais controlava livremente. Alone demonstrou muitos poderes – afinal é um mangá Shonen – mas mesmo quando afirmou estar fazendo algo bom, tinha um toque perverso, visto que era o poder do deus dos mortos.

 

O aspecto humano dentro da divindade:

 

Esse é o ponto que eu, particularmente, acho o mais interessante. Jesus, sendo um Deus preso em corpo humano por vontade própria, era ao mesmo tempo um ser divino e um ser humano. E ele não renegava nenhum dos aspectos de sua natureza: parecia, aliás, ter muito orgulho de se chamar de humano.

 

Alone, no começo do mangá, fingia ser Hades. Quando ele revela nunca ter sido dominado por Hades (meu capítulo favorito, diga-se de passagem), o tempo todo seus Guardiões se referem a ele como “humano”, por vezes afirmando que a salvação só poderia vir de Alone por sua condição humana.

 

E isso graças ao amor da pessoa que que voltou ao seu lado humano. - Kagaho de Bennu

 

Achei essa parte interessante porque é, na minha opinião, a que mais reforça esse simbolismo, de que Alone era uma espécie de Jesus maligno de sua geração.

 

Conclusão:

 

Vou encerrando essa análise por aqui. Creio eu que expus bem o que penso. Deve haver outros aspectos que liga a imagem de Alone à imagem de Jesus, e se foi intencional ou não, só Shiori pode nos dizer – mas eu acho que sim.

 

Para que a análise não ficasse gigantesca, decidi usar os pontos que achei de maior relevância. E me desculpem se usei imagens em inglês, não tenho todos os capítulos em português aqui =P

 

PS: Alone é meu personagem favorito, daí comecei com ele XD

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