#2 - Conexão Mitologia: Wyvern e Vouivre
Neste Conexão Mitologia, falarei sobre dois dragões que podemos considerar parentes mitológicos: Wyvern e Vouivre.
Wyvern:
Conhecido em português como Serpe, é uma espécie de dragão inglês com duas patas e asas, diferentemente de outros dragões ocidentais que apresentam quatro patas. Também chamava a atenção por possuir menos escamas e por não soltar fogo. Os dragões costumavam ser retratados como sábios e acumuladores de riquezas nas histórias. Wyverns eram tidos como desprezíveis. O mais incrível de um Wyvern, porém, é que ele foi muito usado como figura heráldica de famílias nobres ou reais. Sim, Wyvern era comumente um símbolo para as famílias nobres da Idade Média. Até mesmo a família imperial brasileira chegou a usar o Wyvern como símbolo, tendo D. Pedro II adornado seu cetro com este dragão.
Wyvern
Vouivre:
Também conhecido como Gouivre, era descrito como tendo um corpo de serpente e uma cabeça de dragão, quatro patas e, muitas vezes, chifres. Também é dito que a Vouivre conseguia se transformar em uma bela mulher nua, usando em sua cabeça uma coroa feita de granadas e ouro. Vouivre tem uma natureza mais sedutora que Wyvern, que é mais agressivo. Mesmo que seja forte e imponente, Vouivre prefere seduzir e manipular suas vítimas. Para finalizar, gostaria de destacar que a Vouivre gosta de morar em lagoas.
Vouivre
Antes de prosseguir, é importante destacar que a palavra Wyvern vem do francês Wivre, a mesma palavra da qual deriva Vouivre, e em ambos os casos quer dizer "Víbora". E como Wyvern é um monstro masculino, enquanto Vouivre é feminino, basicamente representam um casal.
Radamanthys:
O poderoso Radamanthys é certamente um Wyvern encarnado: além de vir de uma família nobre, como bem se sabe, e cujo brasão era o próprio Wyvern, Radamanthys não se importava com jóias ou riqueza, tendo abandonado sua herança, títulos e até mesmo o próprio nome para lutar por seu Imperador Hades. Além disso, vale-se notar que Radamanthys é agressivo e violento como o Wyvern mitológico, só tendo se acalmado após transcender como um Dragão Divino.
Também podemos destacar a nobreza de Radamanthys dentro do exército de Hades, sendo ele alguém de destaque, mas não um rei ou imperador, servindo como símbolo da lealdade a Hades - da mesma forma que o Wyvern mitológico foi o brasão de tantas famílias nobres e reis. Até mesmo nos poderes de Radamanthys podemos ver certa semelhança: ele possui seu Rugido de Wyvern, mas não é uma técnica de fogo. Seria muito comum pensar que um guerreiro que tem como inspiração um dragão usaria de fogo, a menos que o dragão inspirado não usasse fogo, certo? Shiryu, por exemplo, usa água, pois é o elemento dos dragões orientais. Da mesma forma, Wyvern não possui a habilidade de produzir e cuspir fogo.
Radamanthys quando ainda humano. Repare no símbolo de sua família: um Wyvern.
Garnet:
A relação entre Garnet e Vouivre começa já no nome: Garnet significa Granada, uma pedra preciosa ligada à Vouivre - e é a mesma pedra que dá poderes à Garnet. Mas as semelhanças não param por aí. Vouivre, ao contrário de Wyvern, adora jóias. Garnet se cercava de luxo, bem como tinha guerreiros nomeados como pedras preciosas. E enquanto Degel enfrenta as Jóias de Garnet, o que a vilã faz? Toma banho em uma banheira. Lembremos, então, que Vouivres adoram lagoas.
Garnet demonstrou ser poderosa. Era imortal, possuía aparência eternamente jovem (desde que se alimentasse da vida de outras pessoas) e até mesmo podia conceder poderes a outros. Sua imponência estava evidente. Mas ela não lutou contra Degel. Quando o momento chegou, ela pediu a Krest, já seduzido por seus encantos e poderes, que lutasse em seu lugar. Não é à toa que Garnet era uma cantora, já que cantores são conhecidos por serem sedutores (não estou afirmando que isso seja verdade, mas isso é aceito popularmente).
Garnet e Vouivre no escudo ao fundo.
Temos, então, dois dragões: o agressivo dragão macho inglês e o sedutor dragão fêmea francês. Não é à toa que Radamanthys estava no Submundo, enquanto Garnet aparentemente não servia a nenhuma divindade (ela realmente não parecia servir ninguém além de si mesma, mas quem foi o deus que criou sua armadura? Lembre-se: Garnet encontra a pedra que continha a armadura, não a cria). Esses dois personagens, bem como suas contrapartes mitológicas, são totalmente diferentes entre si, mas se complementam de certa forma. Radamanthys faz tudo que Garnet não consegue/quer fazer; Garnet faz tudo que Radamanthys não consegue/quer fazer. E, na mitologia, aqueles dragões parecem ser exatamente assim.
Bom, é isso aí. Valeu, galera :)